tag:blogger.com,1999:blog-27063902085072887402024-03-13T11:02:08.691-07:00Caderno GrandeChamo-me Jorge Palinhos, escrevo e investigo. Esta é a página onde vou acumulando escritos e atividades. Há mais informação sobre mim clicando nas três linhas ao lado.Unknownnoreply@blogger.comBlogger207125tag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-42306010285293588002024-01-21T14:39:00.000-08:002024-01-22T03:55:36.182-08:00Mariana Desditada<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://arte351.pt/art/wp-content/uploads/2022/03/mariana-desditada.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="385" data-original-width="800" height="385" src="https://arte351.pt/art/wp-content/uploads/2022/03/mariana-desditada.jpg" width="800" /></a></div><br /><p></p><p>Tantas coisas caretas e fora de moda neste espectáculo da <a href="https://www.instagram.com/anthropos.ac/p/C1-uN5QI8bZ/" target="_blank">Anthropos A.C</a>., dirigido por João Condeça: cartas de amor de uma freira, literatura do século XVIII, e a crença profunda que faz sentido levar hoje à cena as Cartas Portuguesas de Soror Mariana Alcoforado.</p><p>Desde que Fernando Pessoa e o modernismo em geral taxaram as cartas de amor como "ridículas" e o pós-modernismo decidiu que tudo era ilusão e ironia, que é raro encontrar um espectáculo assim - servido por uma intérprete carismática e segura, Patrícia Fonseca, um acompanhamento musical disponível e presente, e uma cena ágil, que salta entre texto e performance, que acredita em si própria ao mesmo tempo que não nos tenta impingir a última salvação do mundo, que respeita a literatura de Mariana Alcoforado, ao mesmo tempo que lhe dá uma feição moderna, jovem, reconhecível.</p><p>Numa altura em que se sentenciou que literatura e teatro são incompatíveis e o seu encontro um embaraço, eis a quadratura do círculo: um espectáculo que é ao mesmo tempo literário e performativo, que vem do passado e é de hoje, que é absolutamente sincero sem se envergonhar da sua natureza de espectáculo.</p><p>David Foster Wallace, em <a href="https://www.livrariasnob.pt/product/a-piada-infinita-david-foster-wallace" target="_blank">A Piada Infinita</a>, reconhece que apesar de todo o prazer da ironia e do espírito, nada consegue realmente salvar as pessoas senão a ingenuidade - essa palavra inquietante que sugere que é possível ser-se, em simultâneo, livre, autêntico, inteligente e novo. Ou, como os nossos tempos desesperados querem acreditar: "ridículo".</p><p>Quem dera que mais gente descobrisse este espetáculo, e redescobrisse que não há nada de ridículo na ingenuidade e na esperança desesperada das cartas de amor.</p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-37251405983313834822023-10-19T08:30:00.001-07:002023-10-24T00:19:33.762-07:00Tuvalu, no Teatro Taborda<p> </p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNMut9I39dui8IoZonGQpg18CuW9Nf6nbQ9-bjM3UyZxkz2uqGvuAQeygRE9-9OyQktwvO1f2IwiAHtBLMEagMJ4ktqvqzsPPESzNWFUJkb8DRlRWZNlezz-4HjNp3TYcCp6E4LJ3Lz75vH7dwRzvfeq_N9GW5uVWnt8uK1cIDCC-VNJi8c-1X2HJJs2I/s1600/394306510_10161359152134060_3550873324213635913_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1066" data-original-width="1600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNMut9I39dui8IoZonGQpg18CuW9Nf6nbQ9-bjM3UyZxkz2uqGvuAQeygRE9-9OyQktwvO1f2IwiAHtBLMEagMJ4ktqvqzsPPESzNWFUJkb8DRlRWZNlezz-4HjNp3TYcCp6E4LJ3Lz75vH7dwRzvfeq_N9GW5uVWnt8uK1cIDCC-VNJi8c-1X2HJJs2I/s320/394306510_10161359152134060_3550873324213635913_n.jpg" width="320" /></a></div> <p></p><br /><br /> «A minha vida é viajar à volta do mundo para resolver problemas do planeta. E a forma de o fazer é tendo reuniões. Quero acreditar que algumas dessas reuniões serviram para alguma coisa. Mas tal mentira piedosa é cada vez mais difícil de suportar com o passar do tempo, com a impossibilidade de fazer o que quer que seja que possa mudar um planeta. É que, por mais reuniões que marquemos, continuamos todos a ser amadores a salvar mundos.» Tuvalu ou o Desaparecimento das Coisas é uma instalação performativa de Marina Leonardo e Nuno M. Cardoso que conta com textos meus, da Marina Leonardo, do Rui Pina Coelho, entre outros. <br />Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-83860577949399757472023-10-18T00:14:00.002-07:002023-10-24T00:16:59.806-07:00Cartas a Kafka<p><br /><br /> </p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg01V8Sq0syMtMmJJScZOlvNL21JfRJ95lhVp3QeGdB2vh7ffUA0IluwGkJrENh-TnACdYdc-4O-ErGm5N7gLIuumINsw41MMmpQsrFx9Kjhp9K8Rdx1aPHaNzOUogAy2MpTumtR29xZ5aLhEB1UMeKfz5rOxH2JTwCGPj2lOkDIkjmongqMNQMbKdFBrw/s2048/382829393_745845184013396_3012424890011718512_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg01V8Sq0syMtMmJJScZOlvNL21JfRJ95lhVp3QeGdB2vh7ffUA0IluwGkJrENh-TnACdYdc-4O-ErGm5N7gLIuumINsw41MMmpQsrFx9Kjhp9K8Rdx1aPHaNzOUogAy2MpTumtR29xZ5aLhEB1UMeKfz5rOxH2JTwCGPj2lOkDIkjmongqMNQMbKdFBrw/s320/382829393_745845184013396_3012424890011718512_n.jpg" width="320" /></a></div>Kafka é um autor que me acompanha, inquieta e fascina desde a adolescência. É, na verdade, do punhado de poucos autores que nunca deixou de me perseguir toda a vida. Foi por isso apaixonante poder mergulhar no seu universo para imaginar este encontro fantasmagórico entre Franz e a sombra que dominou toda a sua vida: o seu próprio pai. O texto, encenado pelo Thiago Arrais e interpretado por este e Ricardo Guilherme, estará este sábado no Mira Artes Performativas, o fantástico projeto da Manuela Matos Monteiros e João Lafuente, que agora celebra 10 anos. <br /><p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-41607344197726527802023-08-09T03:00:00.001-07:002023-08-09T03:00:00.145-07:00Cassandra, a Série<p> </p><p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/tDATU7t0W1w" width="320" youtube-src-id="tDATU7t0W1w"></iframe></div><br /><p></p><p> Cassandra é um projeto em torno da mítica filha do rei de Tróia, que sabia mais do que aquilo que os outros aceitavam que soubesse, que tem sido levado pela visão do Nuno M Cardoso a muitas formas e etapas diferentes. Agora começou uma nova etapa, em que os textos que originalmente foram pensados para diferentes contextos performativos, se transformam numa série de televisão. E um dos textos, que foi escrito por mim, foi adaptado para um dos episódios, o que me deixa muito feliz.</p><p> </p><p>Disponível no <a href="https://www.rtp.pt/play/p12054/cassandra" target="_blank">RTP Play</a>. <br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-19994983408450780252023-05-21T05:50:00.002-07:002023-05-21T05:50:56.611-07:00Cidades de Bronze<p> <br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqCLNH4B59eX7OMgcwg-oCilvOlmI8CLAFTnjakwPftxx7BuDyf9o5d3KZ-JiJTCq8dhf348sxKYeHL_qtSlWK3wnNfC8Z26RQT1S4HA2wLzaqED5yuvI8Ocd3FgR2akpf7embCuIBiJ4pCvIi5c7vhlFE_7TPzXpCBwmrwyU8NNB7U3vvWy-xqNJQ/s3543/IMG_3826.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3543" data-original-width="2362" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqCLNH4B59eX7OMgcwg-oCilvOlmI8CLAFTnjakwPftxx7BuDyf9o5d3KZ-JiJTCq8dhf348sxKYeHL_qtSlWK3wnNfC8Z26RQT1S4HA2wLzaqED5yuvI8Ocd3FgR2akpf7embCuIBiJ4pCvIi5c7vhlFE_7TPzXpCBwmrwyU8NNB7U3vvWy-xqNJQ/s320/IMG_3826.jpg" width="213" /></a></div><br /><p>Como muitos outros, entre os meus 10 e 17 anos, passei muito tempo da minha vida à espera autocarros para voltar para casa. Esperava-os numa paragem perto de uma fonte que tinha no seu centro um conjunto escultórico que representava vários homens e mulheres nus no que parecia ser uma jangada à deriva. Tendo, na mesma altura, visto um trailer do filme Mad Max, com um Mel Gibson ainda não anti-semita, sempre achei que aquelas figuras de bronze só poderiam representar sobreviventes de um apocalipse, em busca de um sítio melhor para viver. <br />Mais tarde, <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Fonte_Luminosa_(Leiria)" target="_blank">depois da invenção da Wikipédia</a>, descobri que afinal as figuras era suposto representarem os ribeiros secos e poluídos da cidade. Bom, depois destes anos todos, continuo a achar que a minha interpretação era melhor. Talvez por isso, nos últimos tempos me tenha dedicado, com uma equipa fantástica, a criar as "<a href="https://visoesuteis.pt/pt/criacao/cidades-de-bronze" target="_blank">Cidades de Bronze</a>", um concerto para estátuas, onde tentamos escavar, não propriamente estátuas, mas aquilo que está por de trás e por de baixo delas. Na crença, e na busca, talvez ingénua, não sei, de que as coisas que colocamos no nosso espaço público não são simples adereços, mas ideias e objetos que não podemos ignorar, se um dia quisermos chegar a um sítio melhor para viver.<br />Está entre 23 e 28 de maio, na praça da República, sempre às 19h.<br /><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-8256911468079316082023-05-17T06:00:00.009-07:002023-05-17T06:00:00.132-07:00100 anos de Bernardo Santareno<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQK7hN69bQlFBh1e6wAVc0SEe741mFDCruyA-quFDYrgrSsikCJA50WnMdufqKQuTjtQVSWmfr0sPLOGOVyME-b6wP6H_ir9GsLaxIrKRerLd5mBqKSvGyEvi_8LVRpI5Ih_428EYzPlIdCEBLskSPBjgDTxckYCXxsglF95Qory13k7k4QBvLlDRx/s4624/20230509_141837.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4624" data-original-width="3468" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQK7hN69bQlFBh1e6wAVc0SEe741mFDCruyA-quFDYrgrSsikCJA50WnMdufqKQuTjtQVSWmfr0sPLOGOVyME-b6wP6H_ir9GsLaxIrKRerLd5mBqKSvGyEvi_8LVRpI5Ih_428EYzPlIdCEBLskSPBjgDTxckYCXxsglF95Qory13k7k4QBvLlDRx/s320/20230509_141837.jpg" width="240" /></a></div>De vários modos, tenho revisitado com alguma regularidade a obra de Bernardo Santareno, um dramaturgo fascinante naquilo que conseguiu e não conseguiu fazer, pela forma como se expôs mas também se escondeu no teatro que escrevia. Neste <a href="https://www.ceteatro.pt/santareno" target="_blank">livro do Centro de Estudos de Teatro</a> encontrarão a minha publicação mais recente, onde abordo um dos mais recorrentes paradoxos de Santareno, aquilo que de positivo ele encontrava na violência.<br /><p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-3427151913576362642023-05-14T06:05:00.000-07:002023-05-14T09:03:20.937-07:00Ibéria Sector 5 - Da memória e da invenção<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.fitei.com/imagens/eventos/_eventos_644651c1d921c_1180_1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="800" height="357" src="http://www.fitei.com/imagens/eventos/_eventos_644651c1d921c_1180_1.jpg" width="408" /></a></div><br /><p></p><p><a href="http://www.fitei.com/pt/evento/iberia-sector-5-carlota-castro-visoes-uteis-teatro-municipal-de-matosinhos-constantino-nery-2023/" target="_blank">Ibéria Sector 5</a> é um projeto performativo de Visões Úteis, em coprodução com o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, dirigido por Carlota Castro, com interpretação de Inês Dias, João Delgado Lourenço e Maria Manuel Almeida, que procura explorar a possibilidade do <i>reenactment</i> no âmbito das artes performativas.<br /><i>Reenactment</i> é a recuperação de uma dada performance por via da repetição e do arquivo, e a sinopse do espectáculo sugere que esta é uma possível forma de preservar as artes performativas da sua efemeridade, legitimando-as, do ponto de vista institucional, ao nível da literatura e de outras artes de que fica algum registo.<br />Tal objetivo político daria azo a uma longuíssima discussão - a questão da legitimação vs. subversão, o papel social da arte, a perenidade da arte e do artista, as condições de criação e as especificidades das várias práticas artísticas, etc. -, embora seja compreensível que uma geração de artes performativas, que emergiu nos anos 80 e 90, revoltando-se contra a cultura institucional, agora se preocupe com o seu legado e o seu reconhecimento.<br />Mais interessante, todavia, é abordar a concretização prática desse objetivo. Para este <i>reenactment</i> foi escolhida uma peça, <i>Ibéria Sector 5</i>, encenada originalmente por O. Barata para a companhia Cooperativa Bonifrates, apresentada no FITEI em 1981. O enredo apresenta cientistas que investigam um conjunto de seres humanos que se dedicam a práticas culturais bizarras, evidentemente caricaturas dos comportamentos dos povos ibéricos. Esta é uma estrutura dramatúrgica que remete claramente para o sentimento de inferioridade e atraso cultural e económico que ainda dominava os povos ibéricos nos anos 80 e 90 em relação ao resto da Europa, em parte fruto de duas longuíssimas ditaduras de extrema-direita. Tal sentimento era convertido no orgulho feroz da própria diferença, que é típico de todas as comunidades que se sentem marginalizadas. Podemos reconhecer essa estrutura de sentimento em <i>sketches</i> humorísticos dos anos 90, como <a href="https://www.youtube.com/watch?v=8gkK-xJEGNM" target="_blank">no Herman Enciclopédia</a>, de Herman José.<br /> Mas, mantendo a estrutura de base, Carlota Castro fez uma atualização do texto, substituindo as situações originais por situações mais identificáveis na atualidade, relacionadas com turismo, feminismo, novos modelos familiares, etc. E mudou o final, que terminava com uma revolta violenta das cobaias ibéricas, vingança simbólica contra os superiores hierárquicos, optando por um encontro à mesa, que reflete uma mentalidade contemporânea de portugueses e espanhóis, apesar das diferenças económicas, se sentirem já perfeitamente integrados e a par do resto da Europa.<br /> Estas transformações dramatúrgicas mudam radicalmente o sentido do texto, que passa a evocar ideias contemporâneas como o diálogo como solução dos problemas, e a afirmação das diferenças culturais como sendo mais importantes que as económicas.<br /> Esta atualização do texto, torna-se, na verdade, na essência do próprio espectáculo, com os novos textos e soluções cénicas a mostrarem maior urgência e gerarem evidente compreensão e adesão por parte do público, ao contrário dos elementos que sobram da performance antiga. Esta evidência ganha corpo nos próprios atores, em que os intérpretes jovens e as suas personagens, pela intensidade, acabam por quase abafar a personagem do cientista, interpretada por uma atriz que tinha participado do espectáculo original. Ou seja, o presente sobrepõe-se ao passado, a nova criação derrota o <i>reenactment</i>.<br />Esta ideia de <i>reenactment </i>regressa na segunda parte do projeto, uma
conferência performativa com a encenadora Carlota Castro e a
investigadora Paula Caspão, que procura explorar a relação do projeto
com os estudos de <i>reenactment</i>. Curiosamente, a performatividade deste momento recorre a
dois dispositivos que - acidentalmente ou não - remetem para mecanismos
típicos de jogos de computador dos anos 80: um tempo limitado para
cumprir os objetivos, e a escolha de palavras chave para construir um
simulacro de diálogo entre intervenientes e público. Tal como nos jogos
de computador, há o risco de estas limitações não permitirem uma conclusão
e um sentido evidente para a experiência, mas em contraponto, conferem-lhe uma feição de verdadeiro encontro e dos riscos que qualquer verdadeiro encontro implica - confusão, elipses, incerteza, sobreposição de vozes, inquietação, ansiedade - enfim, algo que se assemelha à vida que a performance insiste em reivindicar para si, desligada de qualquer ideia de passado ou previsibilidade do futuro.</p><p>Obviamente, um conceito como o reenactment não pode ser julgado apenas com um único exemplo. Todavia, noutro exemplo, em 2018, quando o encenador Gwenaël Morin <a href="https://nanterre-amandiers.com/en/evenement/re-paradise-gwenael-morin-2018/" target="_blank">reproduziu ao vivo, sem qualquer atualização, a performance Paradise Now, dos Living Theatre</a>, verificou-se também os limites da obediência fiel a um original: Aquilo que em 1968 havia sido revolucionário e marcante, em 2018, <a href="https://journals.openedition.org/miranda/18253" target="_blank">foi acolhido friamente por público e crítica</a> como sendo um objeto de museu algo embaraçoso pelo seu anacronismo e de falta de vínculo com o presente. A força deste <i>Ibéria Sector 5</i> está em não repetir o mesmo erro. Mas, não é possível deixar de notar que a opção que tomou tem na verdade é uma longa tradição do teatro, que é a revisão e atualização cénica e textual e obras performativas canónicas do passado, como já faziam Ésquilo, Shakespeare, Molière. <br /><br />O presente tem uma enorme obsessão com o passado e com a sua manutenção. Talvez tal se deva a falta de horizontes para o futuro, talvez ao desejo de corrigir um passado que é visto como um fardo, como aquilo que, contra os nossos desejos, nos dá identidade. Mas, na verdade, pergunto-me se essa identidade está realmente assim tão ancorada no passado e na memória. Em <i>Tertúlia de Mentirosos</i>, o dramaturgo de Peter Brook, Jean-Claude Carrière, conta a história de um grupo judaico que procura recuperar um ritual religioso que só é feito de 30 em 30 anos. O grupo faz um ritual, mas na verdade, os mais velhos do grupo já não se lembram muito bem do ritual, e os novos nunca participaram dele, de modo que lá fazem qualquer coisa que se parece vagamente com um ritual, e se dão todos por felizes, embora ninguém tenha a certeza se realmente corresponde ao ritual original. Ou seja, a força do ritual está em fazê-lo e em sentir que ele acontece, não no seu conteúdo ou sequer na sua forma, da mesma forma que a força deste <i>Ibéria Sector 5</i> é aquilo que traz de frescura, de vida e de novidade, e não daquilo que procura relembrar. Porque, para todos os efeitos, o Ibéria Sector 5 que temos agora, não é a versão de 1981, é a versão de 2023, que talvez abra caminho a ser lembrado e esquecido pelo <i>Ibéria Sector 5</i> de 2065.</p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-67422287915635751592023-02-19T07:50:00.001-08:002023-02-19T07:50:00.168-08:00Crónicas em revista (3)<p><i></i></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i><a href="https://i.pinimg.com/originals/d0/63/f5/d063f5a946eeb1acd84bcd522bfefd5b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="790" data-original-width="800" height="652" src="https://i.pinimg.com/originals/d0/63/f5/d063f5a946eeb1acd84bcd522bfefd5b.jpg" width="660" /></a></i></div><i><br /> </i><p></p><p><i> </i></p><p><i>(Continuo a publicar aqui algumas crónicas antigas, que ainda
carrego comigo. A terceira foi uma crónica para a página do Bairro dos
Livros, do Jornal de Notícias, publicada em Março de 2013)</i></p><p><i> </i></p><h2 style="text-align: left;">Eu, ladrão de livros</h2><p><br />Já fui ladrão de livros. Não ladrão de sair a correr porta fora, de arrancar capas ou passar os volumes atrás das antenas – os dispositivos à porta das livrarias que desconfiam de nós ainda antes de entrarmos.<br />Fui ladrão em novo, quando só havia três tipos de livrarias: livrarias papelarias, que cheiravam a plástico e fita-cola, onde professores e alunos se acotovelavam em setembro em busca de manuais, pastas, cadernos e canetas; livrarias quiosques, onde os livros mansos casavam com jornais, revistas, embrulhos e laçarotes. E, claro, livrarias livrarias.<br />Eram as mais raras, habitadas sempre por homens de meia idade, sempre carecas, sempre de óculos e bigode, sempre a mordiscar a ponta do indicador ao folhear livros ou registos, e que levantavam sempre o olhar suspeitoso para cada cliente, como se não acreditassem haver alguém no mundo digno dos seus tesouros.<br />Lá dentro eram estantes atrás de estantes, prateleiras sobre prateleiras, livros que espreitavam pelas lombadas, sem o atrevimento dos livros que hoje se escancaram para nós. Era atrás dessas estantes que eu me escondia – às vezes sentado no chão, às vezes a ondular sobre um pé e o outro – e tentava roubar o mais depressa que podia. Não o livro, mas o que estava dentro dele: palavras, ideias, histórias.<br />Fui apanhado muitas vezes, corrido algumas, tolerado outras, ameaçado sempre com um rosnado: “Se quer ler o livro, compre-o!”.<br />Hoje ainda me doem os calcanhares desses roubos imóveis, em que o corpo não mexia, mas os olhos e os dedos passavam as páginas a correr, a tentar sorver de um trago todas as histórias e pensamentos do mundo. Mas já pouco o faço, e tenho pena, pois os livros são a única arca da imaginação e saber humanos que temos a obrigação de roubar. <i><br /></i></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-4194703644552945502023-02-12T07:44:00.001-08:002023-02-13T07:50:06.919-08:00Crónicas em revista (2)<p> <b> </b></p><p><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://www.syfy.com/sites/syfy/files/dys4ia.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="507" data-original-width="500" height="507" src="https://www.syfy.com/sites/syfy/files/dys4ia.png" width="500" /></a></b></div><b><br /> </b><p></p><p><i>(Continuo a publicar aqui algumas crónicas antigas, que ainda
carrego comigo. A segunda foi uma crónica para o jornal Público, publicado em Dezembro de 2012)</i><b> <br /></b></p><h2 style="text-align: left;"><b>A peça que não encaixava</b></h2><p><br /><br />Anna Anthropy, também conhecida por Auntie Pixelante e também conhecida por Dessgeega, é designer de videojogos. Foi homem, hoje é mulher, mantém uma relação estável com outra mulher. Contou a sua história em <a href="http://www.newgrounds.com/portal/view/591565" target="_blank">Dis4ia</a> – uma experiência interativa que não trata de armas, nem de pássaros, nem de corridas, mas de algo mais doloroso, íntimo e urgente: o processo de mudança de sexo de Anthropy.<br />Através de imagens, sons, palavras e os gestos do próprio jogador, Anthropy tentar contar a sua experiência, que sabe rara e incompreendida, usando como metáfora o mais clássico dos videojogos: o Tetris.<br />No jogo de 1984, do engenheiro informático russo Alexei Pajitnov, as peças a encaixarem umas nas outras para desaparecerem eram uma metáfora triste e sombria da vida na União Soviética, mas Anthropy pegou nessa metáfora para se traduzir a si própria na peça que não encaixa em lado nenhum: um homem que não se sente homem e deseja ser mulher para amar outra mulher.<br />Os jornais, os livros e a internet contam milhares de histórias assim, únicas e pessoais, mas Anthropy permite-nos tocar, através do interface virtual, a sua dor e frustração, senti-la através das palavras, das imagens, dos sons e dos gestos que fazemos no jogo.<br />Se a face mais visível dos videojogos é o escapismo adolescente ou o passatempo adulto, há um pequeno nicho de videojogos que procura contar histórias íntimas, pessoais, que abram olhares singulares sobre o mundo. É o que acontece com Dis4ria, com <a href="http://armorgames.com/play/2153/aether" target="_blank">Aether</a>, onde o deslumbramento e a melancolia da infância são uma viagem estonteante entre nuvens e planetas, ou <a href="http://hcsoftware.sourceforge.net/passage/" target="_blank">Passage</a>, onde a vida é uma caminhada cada vez mais difícil e estreita numa paisagem familiar. Juntando a intimidade da tecnologia e os gestos do teatro, hoje as histórias de outras pessoas já não são algo que apenas recebemos com os nossos olhos e ouvidos, mas que podemos partilhar com o nosso próprio corpo.<br /><br /><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-58193161997995066282023-02-05T04:49:00.001-08:002023-02-05T04:49:14.450-08:00Crónicas em revista (1)<p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-1WZMto0rMoY/T4rsKZTCFuI/AAAAAAAAAdM/qImbKVvOGXQ/s500/BairrodosLivros.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="431" data-original-width="500" height="276" src="https://3.bp.blogspot.com/-1WZMto0rMoY/T4rsKZTCFuI/AAAAAAAAAdM/qImbKVvOGXQ/s320/BairrodosLivros.jpg" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p><!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:TargetScreenSize>800x600</o:TargetScreenSize>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="false"
DefSemiHidden="false" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="376">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 7"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 8"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Normal Indent"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="footnote text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="annotation text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="header"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="footer"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index heading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="table of figures"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="envelope address"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="envelope return"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="footnote reference"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="annotation reference"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="line number"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="page number"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="endnote reference"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="endnote text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="table of authorities"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="macro"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="toa heading"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Closing"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Signature"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text Indent"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Message Header"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Salutation"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Date"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text First Indent"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text First Indent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Note Heading"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text Indent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text Indent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Block Text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Hyperlink"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="FollowedHyperlink"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Document Map"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Plain Text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="E-mail Signature"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Top of Form"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Bottom of Form"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Normal (Web)"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Acronym"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Address"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Cite"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Code"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Definition"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Keyboard"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Preformatted"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Sample"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Typewriter"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Variable"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Normal Table"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="annotation subject"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="No List"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Outline List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Outline List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Outline List 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Simple 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Simple 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Simple 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Colorful 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Colorful 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Colorful 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 7"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 8"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 7"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 8"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table 3D effects 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table 3D effects 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table 3D effects 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Contemporary"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Elegant"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Professional"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Subtle 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Subtle 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Web 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Web 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Web 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Balloon Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Theme"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" QFormat="true"
Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" QFormat="true"
Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" QFormat="true"
Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" QFormat="true"
Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" QFormat="true"
Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" QFormat="true"
Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="41" Name="Plain Table 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="42" Name="Plain Table 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="43" Name="Plain Table 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="44" Name="Plain Table 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="45" Name="Plain Table 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="40" Name="Grid Table Light"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46" Name="Grid Table 1 Light"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51" Name="Grid Table 6 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52" Name="Grid Table 7 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46" Name="List Table 1 Light"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51" Name="List Table 6 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52" Name="List Table 7 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Mention"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Smart Hyperlink"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Hashtag"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Unresolved Mention"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Smart Link"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Calibri",sans-serif;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";}
</style>
<![endif]-->
</p><i>(Vou começar a publicar aqui algumas crónicas antigas, que ainda carrego comigo. A primeira foi uma crónica para a página do Bairro dos Livros, do Jornal de Notícias, publicada em Fevereiro de 2013)</i><br /><br /><h2 style="text-align: left;">Animais ferozes</h2> <br /> Não sou Matusalém para me lembrar da primeira escrita, feita de cortes na pedra que a tornavam imortal. Não sou do tempo das tábuas de cera e dos estiletes que as sulcavam, do tempo em que escrever era abrir feridas na realidade.<br /> Também não sou do tempo em que se escrevia na pele dos homens, com tatuagens e cicatrizes, para dar nomes e vidas e identidade, nem que se escrevia nas peles de animais, onde os monges copistas gastavam os seus olhos, mãos e costas, e deixavam nas margens mensagens sobre o frio e o cansaço e a tristeza do seu trabalho.<br /> Mas sou do tempo em que escrita manchava. Em que o meu pai tirava uma máquina de escrever azul clara de cima de uma estante e afundava, uma a uma, as teclas da máquina para martelar a tinta no papel e fazer despontar as letras indecisas. Em que ficava com as mãos e a roupa brancas do pó de giz, em que a escrita era a dança da caneta no papel, a caneta que se esmagava debaixo dos livros da mochila e gotejava azul, verde e vermelha no tecido. Do tempo do lápis, que se desvanecia com tempo e a borracha, mas deixava sempre um rasto de fumo no papel.<br /> E sou de hoje, do tempo do computador, em que as palavras perderam o cheiro e a textura e estão lá longe, escondidas atrás de um ecrã, a piscar, temerosas, sabendo como a sua vida é frágil e a ondulação de um dedo as varre do mundo. Já não são cordas que nos unem a outro lugar irreal que tentamos puxar para nós, mas são elas próprias irreais. Escrevo-as e apago-as e publico-as sem esforço, como corpos prostituídos que andam pela rua sem maquilhagem nem elegância. E talvez por isso ainda volto aos cadernos, aos livros em papel, aos livros antigos, e sinto a falta das máquinas de escrever onde nunca escrevi, saudoso do tempo em que as palavras eram animais ferozes.<span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"></span>
<p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-46610603213589877752023-02-01T08:35:00.007-08:002023-02-01T08:35:43.595-08:00Respirar teatro<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://maisguimaraes.pt/wp-content/uploads/2022/06/moncho.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="800" height="480" src="https://maisguimaraes.pt/wp-content/uploads/2022/06/moncho.png" width="800" /></a></div><br /> <p></p><p>Faleceu o encenador Moncho Rodriguez. Simultaneamente galego, brasileiro e português no seu modo de ser, era uma figura fascinante, com quem colaborei há uns anos.</p><p>Era um homem baixo, franzino, de rosto adelgaçado num sorriso que parecia eterno e eternamente exausto. O corpo pequeno parecia mal conseguir conter a energia e ânsia que pareciam dominá-lo. O Moncho era um homem sempre à beira de saltar um precipício invisível.</p><p>Era, também, um sedutor. Um grande sedutor, que punha na pessoa com quem falava todo o encanto e urgência de uma paixão. Como todos os grandes sedutores, estava muito longe de ser um santo, o que talvez tenha sido a causa da sua carreira errática, apesar do seu imenso talento para mover multidões, para levar atores e atrizes ao êxtase da transformação. Como todos os grandes encenadores, o Moncho era apaixonado por atores, e especialmente por atrizes, paixão essa que, na fronteira dúbia entre vida e teatro em que vivia, podia dar espectáculos soberbos ou desastres.</p><p>A mesma paixão se encontrava no seu trabalho com as comunidades. Para o Moncho, as comunidades ainda eram o povo mítico e inocente do folclore romântico, simultaneamente anónimo e descartável, divino e inspirador. Os seus espectáculos eram celebratórios, mas raramente eram celebratórios da própria comunidade, antes celebratórios do teatro, que foi a grande paixão de Moncho, para o qual ele viveu e morreu, provavelmente sem hesitações e sem remorsos.</p><p>Dele levo uma frase que disse um dia, de cabeça baixa, cansado, perdido no meio de mais um processo intenso e interminável: não interessa aquilo que fazemos, interessa aquilo que deixamos atrás de nós.</p><p>E, o Moncho, apesar dos seus defeitos, dos seus erros, deixou muito atrás de si: admiradores, seguidores, discípulos, imitadores e, principalmente, teatro. <br /></p><p><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-36641345438653642192022-12-26T09:00:00.002-08:002022-12-26T09:00:00.168-08:00A Dramaturgia de Elon Musk<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWf1K8iUG_igOFAQJ2pgrI80AG5416fcm7q4FZmU_HPssiKDMp-KHgqIpaMHLfoy_rW32zaXgAkUZO-cM38xRnyozR4m9uzrUkXRB-Oc9V_F8yO1XH1LC6WtgDJpIs9ugq9tbtzuFqQIWi3GFQWCT94X8IyKPTsZd8DUX9pFBKt_4KQ-WXWMCZG1Ob/s1088/Architecture,%20Artistic%20Practices%20and%20Cultural%20Heritage.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1088" data-original-width="756" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWf1K8iUG_igOFAQJ2pgrI80AG5416fcm7q4FZmU_HPssiKDMp-KHgqIpaMHLfoy_rW32zaXgAkUZO-cM38xRnyozR4m9uzrUkXRB-Oc9V_F8yO1XH1LC6WtgDJpIs9ugq9tbtzuFqQIWi3GFQWCT94X8IyKPTsZd8DUX9pFBKt_4KQ-WXWMCZG1Ob/s320/Architecture,%20Artistic%20Practices%20and%20Cultural%20Heritage.jpg" width="222" /></a></div><br /><p><br /><br />O meu artigo sobre a dramaturgia do espectáculo de realidade mista "O Grande Museu da Consciência de Elon Musk" foi publicado num excelente tomo editado por Evelyn Lima, Niuxa Drago e Carolina Lyra, intitulado Architecture, Artistic Practices and Cultural Heritage. A obra, bilingue, inclui ainda textos de Andrew Filmer, Magdalena Kozień-Woźniak, Andréa Borde, Rogério Machado, Cristina Grazioli, Isabel Bezelga, Hélder Maia, entre muitos outros. <br />A obra pode ser acedida e <a href="http://www.unirio.br/espacoteatral/arquivos/publicacoes/pdf-publicacoes/LIMA_DRAGO_LYRA_Architecture_ArtisticsPracticesandCulturalHeritage.pdf" target="_blank">descarregada aqui</a>.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-27752573284898826572022-12-22T10:37:00.006-08:002022-12-22T10:37:47.200-08:00Entrevista em The Matterhorn<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://images.unsplash.com/photo-1529477587630-c0d5d67caa8f?crop=entropy&cs=tinysrgb&fit=max&fm=jpg&ixid=MnwzMDAzMzh8MHwxfHNlYXJjaHwxMXx8c2FuZCUyMGNhc3RsZXxlbnwwfHx8fDE2NjgzMzQ2MTY&ixlib=rb-4.0.3&q=80&w=1080" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="800" height="600" src="https://images.unsplash.com/photo-1529477587630-c0d5d67caa8f?crop=entropy&cs=tinysrgb&fit=max&fm=jpg&ixid=MnwzMDAzMzh8MHwxfHNlYXJjaHwxMXx8c2FuZCUyMGNhc3RsZXxlbnwwfHx8fDE2NjgzMzQ2MTY&ixlib=rb-4.0.3&q=80&w=1080" width="800" /></a></div><br /> <p></p><p>Fui entrevistado pela escritora Kathleen Waller para a sua excelente publicação The Matterhorn, onde falámos de escrita, teatro, jogos, ensino, fronteiras, e outros, demasiados, assuntos. Podem ler, e subscrever a publicação, <a href="https://thematterhorn.substack.com/p/xvii-imagining-a-borderless-future" target="_blank">aqui</a>.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-81191439918296461922022-12-03T07:25:00.004-08:002022-12-03T07:25:29.017-08:00Hoje, em Torres de Vedras<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://www.redecultura2027.pt/uploads/agenda/edd443a70a34a76b5851e1e369c2a0df/oscadaveres_carlosgomes_0173.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="533" data-original-width="800" height="533" src="https://www.redecultura2027.pt/uploads/agenda/edd443a70a34a76b5851e1e369c2a0df/oscadaveres_carlosgomes_0173.jpg" width="800" /></a></div><p><a href="https://www.redecultura2027.pt/pt/agenda/teatrao--os-cadaveres-sao-bons-para-esconder-minas" target="_blank">Aqui</a>.</p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-14082099536649528282022-11-12T06:00:00.001-08:002022-11-12T06:00:00.173-08:00Uma crítica a "Os Cadáveres são bons para esconder minas"<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://comunidadeculturaearte.com/wp-content/uploads/2022/11/Os-Cadaveres.-Carlos-Gomes2-e1667738644385.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="534" data-original-width="800" height="534" src="https://comunidadeculturaearte.com/wp-content/uploads/2022/11/Os-Cadaveres.-Carlos-Gomes2-e1667738644385.jpg" width="800" /></a></div><br /> <p></p><p>No meio da cacofonia geral, é difícil que vejam o nosso trabalho, é grato que o compreendam e apreciem, é feliz que o apreciem tanto que escrevam sobre ele uma crítica <a href="https://comunidadeculturaearte.com/os-cadaveres-sao-bons-para-esconder-minas-fala-nos-da-guerra-das-guerras-todas-mas-em-especial-da-guerra-do-ultramar/" target="_blank">tão entusiástica como esta</a>. Obrigado, <a href="https://comunidadeculturaearte.com/author/sandra-henriques/" target="_blank">Sandra Henriques</a>, obrigado <a href="https://comunidadeculturaearte.com/" target="_blank">Comunidade Cultura e Arte</a>. <br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-73041834517212651192022-10-21T07:56:00.004-07:002022-10-21T07:56:22.051-07:00Os cadáveres são bons para esconder minas<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn--pu8y3NYYhLkDylyhri1A__jWzjIbDJAQs5rdFHhcrURv4mf1JUCW1IEel-LDETnAmSJvJw0k9VyzMJrwWEE7jygwePEDvkGgzsvSk84cS48cr8ZTI7jezv_WGbDVzu4KUqJF-RyqNYK84q0sQZOvg0xOa9jNYkClIKCg9R1hp2p_5M2t3xGYjA/s1280/310767900_5143549972416688_2947207456831798634_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="853" data-original-width="1280" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn--pu8y3NYYhLkDylyhri1A__jWzjIbDJAQs5rdFHhcrURv4mf1JUCW1IEel-LDETnAmSJvJw0k9VyzMJrwWEE7jygwePEDvkGgzsvSk84cS48cr8ZTI7jezv_WGbDVzu4KUqJF-RyqNYK84q0sQZOvg0xOa9jNYkClIKCg9R1hp2p_5M2t3xGYjA/s320/310767900_5143549972416688_2947207456831798634_n.jpg" width="320" /></a></div><a href="https://oteatrao.com/evento/cadaveres-esconder-minas/" target="_blank">Os cadáveres são bons para esconder minas</a> é um projeto muito pessoal meu e da Isabel Craveiro, produzido pelo Teatrão. Não é bem um espectáculo, é mais uma assombração. Uma evocação angustiada da Guerra Colonial, que será o maior trauma português do século XX e que, como tantos outros traumas portugueses, foi varrido para debaixo do tapete. Só que este trauma recusa-se a ficar quieto por entre o pó e o esquecimento. E por vezes explode, de formas que raramente reconhecemos, mas a que dificilmente escapamos. Se puderem, espreitem.<br /><p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-91380869106107810572022-10-11T04:34:00.004-07:002022-10-11T04:34:00.169-07:00TAG, a cidade clicável<p> <span>Sempre me perguntei porque é que os smartphones têm de ser instrumentos de desatenção maciça. Porque é que não podem ser telescópios ou lupas para nos ajudar a ver melhor aquilo que está à nossa volta? Esta é a oportunidade para o descobrir: o <a href="https://www.publico.pt/2022/10/10/local/reportagem/porto-invisivel-destino-virtual-autocarros-porto-2023159" target="_blank">TAG é um projeto do Visões Úteis </a>que permite que quem ande nos autocarros dos STCP possa usar o seu telemóvel para espreitar o que acontece do outro lado das paredes, muros e prédios da cidade, não enquanto voyeur, mas enquanto participante de um ato de partilha de todos os autores que quiseram participar neste projeto. Se estiverem num destes autocarros, olhem em volta, procurem o código QR e descubram vidas mais próximas do que aquilo que imaginávamos.</span><br /><span> </span><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-26567199394271977592022-08-26T08:10:00.005-07:002022-08-26T08:10:20.112-07:00Os meus outros eus na Feira do Livro<p>Há poucos eventos tão democráticos como a Feira do Livro. A entrada é gratuita, podemos folhear milhares de livros gratuitamente, conhecer os seus autores, ouvir leituras, assistir a dramatizações, encontrar pessoas interessantes, e, por tuta e meia, muitas vezes conseguimos levar livros para casa que podem não nos largar para o resto da vida.</p><p>Se nos próximos dias andarem por lá - na Feira do Livro de Lisboa ou na do Porto - até pode ser que encontrem algum livro meu ou em que também estou presente, como estes:</p><p><i>A Ação e o Poder no Drama Contemporâneo</i> - <a href="https://companhiadasilhas.pt/books/a-accao-e-o-poder-no-drama-contemporaneo/" target="_blank">Companhia das Ilhas</a></p><p><i>Parking</i> - <a href="https://companhiadasilhas.pt/books/parking-desmaterializacao/" target="_blank">Companhia das Ilhas</a></p><p><i>Uma campa é um buraco difícil de tapar</i> - <a href="http://monographs.uc.pt/iuc/catalog/book/213" target="_blank">Imprensa da Universidade de Coimbra</a></p><p><i>LIVROs</i> - <a href="https://poetria.pt/a-f/livros-amanda-teatro-portugues?rq=amanda" target="_blank">Poetria</a></p><p><i>Visita aos Clássicos</i> - <a href="https://edicoeshumus.pt//index.php?route=product/product&path=240&product_id=1381" target="_blank">Húmus</a></p><p><i>Cartografia da Dramaturgia Portugues</i>a - <a href="https://edicoeshumus.pt//index.php?route=product/product&path=240&product_id=1292" target="_blank">Húmus</a><br /></p><p>Digam "olá", se os virem, ou folheiem, se tiverem o vagar e o gosto.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-5597197556093021512022-05-07T09:20:00.001-07:002022-05-08T02:56:10.352-07:00Foram quantos anos para este livro, disse ele<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm5Wdqjd_KfyGWRDx-Ha9PSYEf-Rv3gZyn0lN0xgtCqk9O3OiWMqfUI5_5_G7ymcRWytvMjv1Sg_AI4UzsE1PLCcqlYkzi9lnILyPgxbQ1VW6TzKts3dkGfcskFNGw-Ts614s1je14n2M-74rB1sgWYOhNYBHLWB2VVrpkYqPMtb2dDXK4Pc7wR3To/s4624/20220508_093852.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4624" data-original-width="3468" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm5Wdqjd_KfyGWRDx-Ha9PSYEf-Rv3gZyn0lN0xgtCqk9O3OiWMqfUI5_5_G7ymcRWytvMjv1Sg_AI4UzsE1PLCcqlYkzi9lnILyPgxbQ1VW6TzKts3dkGfcskFNGw-Ts614s1je14n2M-74rB1sgWYOhNYBHLWB2VVrpkYqPMtb2dDXK4Pc7wR3To/s320/20220508_093852.jpg" width="240" /></a></div><br /> <p></p><p>Chegou num embrulho amassado, coberto de esferovite branca, que também poderiam ser confetti. O título é imponente, ainda que eu tenha tentado que o conteúdo fosse tão leve quanto possível. Trata-se da publicação em livro da parte principal da minha tese de doutoramento: "A Ação e o Poder no Drama Contemporâneo".</p><p>Uma tese de doutoramento é um bicho esquisito, que nos caça durante anos, e quando finalmente quando conseguimos apanhá-la, deita-se aos nossos pés como se fosse um cachorro meigo. Quando a comecei, sabia pouco ou nada. Com a paciência e ajuda das minhas orientadoras, Madalena Oliveira e Antonia Bezerra, com muitas conversas com muitas pessoas, como os professores Albertino Gonçalves e Moisés Martins, e colegas como o Daniel Ribas, começou lentamente a ganhar forma, que depois fui preenchendo lentamente com leituras, reflexões, experiências, inquietações, pesadelos ou simples horas a olhar para a parede, a perguntar em que beco me tinha metido. Um dia ela terminou, depois de muitas páginas, revisões, questões, com leituras atentas da Ana Lemos e da Maria João Leite, e a arguência acutilante de Fernando Matos Oliveira, Rui Pina Coelho, José Miguel Braga, entre outros.</p><p>Agora, graças ao entusiasmo incansável do Carlos Alberto Machado e da sua Companhia das Ilhas, ganha a forma de um belo livro, com que dá vontade de nos aconchegarmos num sofá a ler, e a tentar perceber o que é um ação, um acontecimento, uma performance, uma intenção, um afeto, uma atitude, uma relação de poder, e como tudo isto pode acontecer em palco ou fora dele, em obras de criadores dão diferentes como o Tiago Rodrigues, a Visões Úteis, o Marcos Barbosa e outros.</p>Se avistarem o livro numa livraria física como a Poetria, ou a Snob, ou a Flanêur ou mesmo online, como no site da Companhia das Ilhas, não deixem de pensar um bocadinho nele, que leva 7 anos da minha vida, quase uma velhice de cão. <br />Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-72281855215107810832022-03-27T04:15:00.001-07:002022-03-27T04:15:09.799-07:00Vestígios, no Museu Nacional de Teatro e Dança<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHKaNuMrVVWHv_YLdKTZ5SAmdVNLgX-3spb2R_0tAyMq-CmusfvfWw9rBzr6fbvRvvJnVzqSzWkpEsd3-CZSiMX_8S9RHjDoOS4yWfY752G-CJmhgZd2whR_HPU8aJ0x4vAeXMDP0hyG76x-_w8JkgnYbr_i_Zvlvj5p4kNWfqwFdwk2XU8kKk2bcx/s940/275755556_5346054698746350_7001262886320348415_n.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="788" data-original-width="940" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHKaNuMrVVWHv_YLdKTZ5SAmdVNLgX-3spb2R_0tAyMq-CmusfvfWw9rBzr6fbvRvvJnVzqSzWkpEsd3-CZSiMX_8S9RHjDoOS4yWfY752G-CJmhgZd2whR_HPU8aJ0x4vAeXMDP0hyG76x-_w8JkgnYbr_i_Zvlvj5p4kNWfqwFdwk2XU8kKk2bcx/s320/275755556_5346054698746350_7001262886320348415_n.png" width="320" /></a></div> <p></p><p>Em 2019 estive em Praga com a Miljana Zeković, a Višnja Žugić, o Eric Villanueva Dela Cruz e o Attila Antal a orientar a oficina The Ghost, de criação de performance e dramaturgia a partir de um lugar. Hoje inaugura, e fica até 17 de abril, no Museu Nacional do Teatro e da Dança, a exposição Vestígios, da Associação Portuguesa de Cenografia, que inclui alguns dos restos e pistas dessa experiência espantosa.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-57589815735903175462022-03-05T07:41:00.001-08:002022-03-05T07:41:17.902-08:00A guerra é sempre impossível até ao dia em que se torna banal<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://media-cldnry.s-nbcnews.com/image/upload/t_fit-880w,f_auto,q_auto:best/newscms/2022_08/3536988/ss-220224-one-time-use-ukraine-russia-conflict-11.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="534" data-original-width="800" height="534" src="https://media-cldnry.s-nbcnews.com/image/upload/t_fit-880w,f_auto,q_auto:best/newscms/2022_08/3536988/ss-220224-one-time-use-ukraine-russia-conflict-11.jpg" width="800" /></a></div><br /><p>Tomara que acabe depressa.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-38087767679526631442022-02-11T04:00:00.004-08:002022-02-11T07:31:29.849-08:00Day Time - Lançamento<p> </p><div data-contents="true"><div data-block="true" data-editor="fjns4" data-offset-key="bnu3l-0-0"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="bnu3l-0-0"><span data-offset-key="bnu3l-0-0"><span data-text="true"> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://teatronovaeuropa.files.wordpress.com/2022/02/visitaaosclassicos_jornal.jpg?w=1182&h=525&crop=1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="355" data-original-width="800" height="355" src="https://teatronovaeuropa.files.wordpress.com/2022/02/visitaaosclassicos_jornal.jpg?w=1182&h=525&crop=1" width="800" /></a></div><br /></span></span></div><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="bnu3l-0-0"><span data-offset-key="bnu3l-0-0"><span data-text="true"> </span></span></div><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="bnu3l-0-0"><span data-offset-key="bnu3l-0-0"><span data-text="true">Electra é a mais inconveniente de todas as heroínas trágicas gregas. Não encarna a cidadã exemplar, como Antígona, nem o feminismo radical, como Medeia, nem o desejo feminino, como Fedra. Tudo em Electra é chato e irritante e é ela que viola talvez o mais universal dos tabus. Por isso, quando o </span></span><span class="diy96o5h" data-offset-key="bnu3l-1-0" spellcheck="false" start="296"><span data-offset-key="bnu3l-1-0"><span data-text="true">Teatro Nova Europa</span></span></span><span data-offset-key="bnu3l-2-0"><span data-text="true"> me convidou para revisitar um clássico, não hesitei em pegar nela, só para descobrir como encarna tão plenamente os nossos tempos: o isolamento, a indiferença, a memória insuportável do passado, a busca devoradora de um outro presente, o desejo louco de exaltação e sentido.</span></span></div></div><div data-block="true" data-editor="fjns4" data-offset-key="9vfb2-0-0"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="9vfb2-0-0"><span data-offset-key="9vfb2-0-0"><span data-text="true">Nesta aventura, o meu texto Day Time é acompanhado por um excelente ensaio do </span></span><span class="diy96o5h" data-offset-key="9vfb2-1-0" spellcheck="false" start="78"><span data-offset-key="9vfb2-1-0"><span data-text="true">Thiago Arrais</span></span></span><span data-offset-key="9vfb2-2-0"><span data-text="true">, bem como outras revisitações de </span></span><span class="diy96o5h" data-offset-key="9vfb2-3-0" spellcheck="false" start="125"><span data-offset-key="9vfb2-3-0"><span data-text="true">Abel Neves</span></span></span><span data-offset-key="9vfb2-4-0"><span data-text="true">, </span></span><span class="diy96o5h" data-offset-key="9vfb2-5-0" spellcheck="false" start="137"><span data-offset-key="9vfb2-5-0"><span data-text="true">Cláudia Lucas Chéu</span></span></span><span data-offset-key="9vfb2-6-0"><span data-text="true">, </span></span><span class="diy96o5h" data-offset-key="9vfb2-7-0" spellcheck="false" start="157"><span data-offset-key="9vfb2-7-0"><span data-text="true">Ivo Saraiva e Silva</span></span></span><span data-offset-key="9vfb2-8-0"><span data-text="true"> e Luís Mestre, bem como ensaios de </span></span><span class="diy96o5h" data-offset-key="9vfb2-9-0" spellcheck="false" start="198"><span data-offset-key="9vfb2-9-0"><span data-text="true">Carlos Costa</span></span></span><span data-offset-key="9vfb2-10-0"><span data-text="true">, </span></span><span class="diy96o5h" data-offset-key="9vfb2-11-0" spellcheck="false" start="212"><span data-offset-key="9vfb2-11-0"><span data-text="true">Francesca Rayner</span></span></span><span data-offset-key="9vfb2-12-0"><span data-text="true"> e Miguel Real. Podem saber mais no vídeo que se encontra <a href="https://teatronovaeuropa.wordpress.com/2022/02/06/visita-aos-classicos-lancamento/" target="_blank">aqui</a>.</span></span></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-26183268837636179322022-01-01T04:08:00.003-08:002022-01-01T04:08:54.279-08:00O Dia do Santo Prepúcio<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/81/Fra_Angelico_-_Circumcision_-_WGA00612.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="767" height="654" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/81/Fra_Angelico_-_Circumcision_-_WGA00612.jpg" width="627" /></a></div><p><br /></p><p>Talvez já ninguém se recorde, mas até meados do século XX, o dia 1 de Janeiro era o feriado da Circuncisão de Cristo, dia em que se celebrava o momento em que Jesus terá sido levado a um templo, ou uma gruta, ou uma cova para ser circuncidado.</p><p>Gesto ritual com tanto de étnico como de higiénico, este terá sido o primeiro derramamento de sangue de Cristo, o sangue que os cristãos acreditam que os salvará.</p><p>Segundo Santa Brígida, no seu livro “O Prepúcio do Senhor”, após o rito, Maria terá recolhido a pequena pele numa bolsa de cabedal, que guardou toda a sua vida até o dia em que o terá entregue ao discípulo amado de Jesus, João.</p><p>Com ele e os seus discípulos terá ficado a relíquia durante séculos, até uma noite do ano de 800, em que o imperador Carlos Magno, ao rezar na sua capela pessoal de Aix-la-Chapelle, abriu os olhos e viu surgir diante de si um anjo, de asas e auréola e tudo, que lhe ofertava uma pequena bolsa, dentro da qual o senhor dos francos encontrou o santo prepúcio de Cristo.</p><p>Devoto como era, Carlos correu a oferecer a relíquia ao papa Leão II que, de bom grado, a mandou guardar na Sancta Sanctorum de Roma durante séculos, onde os devotos acorriam para ver o último vestígio material de Jesus na terra. Caso não pudessem deslocar-se a Roma, poderiam também ver a santa relíquia em Antuérpia, Besançon, Compostela e outros 8 lugares, pois Cristo parece ter sido abençoado com um abundante prepúcio. Este não, aliás, isento de controvérsias, como é o caso da “Discussão sobre o Prepúcio de Nosso Senhor Jesus Cristo”, de Leão Alácio, onde este associa esta parte de Jesus aos anéis de Saturno.</p><p>Mas, em 1527, outro Carlos, V, de Espanha, invadiu Roma. No meio do saque generalizado, um soldado alemão tomou a santa relíquia e com ela fugiu, acabando por a esconder na cidade de Calcata onde, reencontrado, o prepúcio relançou o entusiasmo em torno da relíquia, que passou a ser venerada a 1 de Janeiro e a ela foram atribuídos milagres como cegos que veem, nevoeiros aromáticos, tempestades fora do tempo e o nascimento de Henrique VI de Inglaterra, etc.</p><p>O próprio Voltaire reconheceu a importância do prepúcio, escrevendo no "Tratado sobre a Tolerância": “Não saltará aos olhos que ainda seria mais razoável adorar o santo umbigo, o santo prepúcio, ou o leite e as vestes da virgem Maria, do que execrar e perseguir o nosso irmão?”</p><p>O tempo e a Revolução Francesa acabaram por tirar o fulgor ao Santo Prepúcio e, em 1960, discretamente, a Igreja Católica mudou o dia 1 de Janeiro de Dia da Circuncisão de Cristo para a Festa do Santíssimo Nome de Jesus, trocando assim o corpo pela palavra. E, numa noite de 1983, o pároco de Calcata, o padre Dario Magnoni, comunicou à sua cidade que desconhecidos lhe tinham invadido a casa e roubado o santo prepúcio, que nunca mais voltou a ser visto em público.</p><p><br /></p><p>Era muito fácil fazer piadas com esta história, mas na verdade fascina-me que durante séculos milhares de pessoas tenham feito peregrinações, ajoelhado, cheirado, beijado, provado até, um pedaço de pele seca como sendo a mais importante prova da sua religião. Facilmente se chamaria a essas pessoas de incultas ou ignorantes, mas eu resisto a entrar nessa facilidade. Acredito antes que elas fizeram o melhor que puderam e souberam dentro das circunstâncias em que viveram. E por isso suspeito que o que essas pessoas tinham era uma crença profunda de que este objeto aparentemente inútil, ridículo, mirrado, talvez fosse o mais verdadeira símbolo das suas vidas, a que elas próprias davam sentido com a sua fé e a sua imaginação, encontrando assim um novo sentido para as suas escolhas, os seus atos e as suas vidas.</p><p><br /></p><p>Votos de um bom ano e boas entradas,</p><div><br /></div>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-16531491502237227802021-12-30T05:44:00.000-08:002021-12-30T05:44:26.059-08:00Memória da Demo Cimeira<iframe src="https://player.vimeo.com/video/655870534?h=0f9577e04f" width="640" height="360" frameborder="0" allow="autoplay; fullscreen; picture-in-picture" allowfullscreen></iframe>
<p><a href="https://vimeo.com/655870534">"Demo Cimeira"</a> from <a href="https://vimeo.com/visoesuteis">Visões Úteis</a> on <a href="https://vimeo.com">Vimeo</a>.</p>
<p>A Demo Cimeira foi um projeto bizarro, como tantos outros em que me meto, no qual eu, o Carlos Costa e a Sofia Ponte tentámos juntar políticos e pessoas dos bairros de Campanhã a jogar jogos de tabuleiro. Uma coisa aparentemente tão simples, mas tão cheia de dificuldades imprevistas, todas elas exponenciadas pela pandemia que nos apanhou - no dia e na hora em que testávamos um jogo de tabuleiro chamado... Pandemia. <br />Este breve vídeo é um testemunho daquelas tardes aparentemente inócuas em que pessoas que vivem em mundos tão diferentes, muitas vezes separadas por suspeitas e preconceitos, puderam encontrar-se, rir, cooperar, competir, brincar, partilhar triunfos e derrotas, em instantes que por vezes não me pareciam muito longe da verdadeira utopia.</p><p> </p><p> </p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2706390208507288740.post-62094253165771630692021-11-16T14:47:00.004-08:002021-11-16T14:47:16.135-08:00Eu e Stanislaw Lem<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/-DHBYusnyG6Q/YZQzOwscb7I/AAAAAAAA4KE/jARQiSUh3xYEJ6sFMu42Y2AI3SCJ00N1wCLcBGAsYHQ/image.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="823" data-original-width="973" height="240" src="https://lh3.googleusercontent.com/-DHBYusnyG6Q/YZQzOwscb7I/AAAAAAAA4KE/jARQiSUh3xYEJ6sFMu42Y2AI3SCJ00N1wCLcBGAsYHQ/image.png" width="284" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Já está na FNAC a revista <a href="https://revistabang.com/2021/10/25/bang-30-esta-ai/" target="_blank">Bang!</a> renovada. Entre os muitos artigos que podem ler gratuitamente, está um artigo meu, sobre um autor fantástico e desconcertante: Stanislaw Lem. Sim, esse do Solaris, mas que é muito mais do que o Solaris.</div><p></p>Unknownnoreply@blogger.com