Sempre me lembrei da Rua da Sofia, em Coimbra, a 80 km à hora, quando ainda era parte da Estrada Nacional 1. Uma parte estranha, é certo, ladeada de conventos e igrejas centenários enevoados pelo tempo e a fuligem.
Os últimos meses foram passados a explorar a rua, a abrandar para lhe ouvir as histórias, a encontrar um bairro social num claustro, a descobrir um infantário social que luta ferozmente contra o despejo, a conhecer os miúdos do "ranho ao nariz", a conversar com uma senhora que temia que a língua lhe ficasse presa à boca, a descobrir igrejas barrocas que são cafés e cafés que um dia foram igrejas, a descobrir o último brasão de uma família amaldiçoada, a conhecer um pouco de tanta vida que se esconde atrás da pedra secular.
Este fim-de-semana estreia o resultado de algumas dessas descobertas, em Coimbra, e depois a própria rua far-se-á à estrada, visitando outras cidades da Rede Artéria.