A coreografia da extinção



O Teatro Nacional São João publicou na rede o texto que escrevi sobre o espantoso "Ilíada - Canto XXIII", encenado por Anatoli Vassiliev. Não conseguirei acrescentar nada ao que já escrevi naquele texto, mas só noto a curiosidade de o texto ter sido publicado no mesmo dia em que estava a ler esta passagem do filósofo Bernard Williams:

"Encontramo-nos numa condição ética que não só está para além do Cristianimo, como também dos seus legados Kantiano e Hegeliano. Temos um sentimento ambivalente em relação àquilo que os seres humanos conseguiram, e temos esperanças sobre o modo como estes possam viver (especialmente sob o ideal ainda poderoso de ser possível viver sem mentiras). Sabemos que o mundo não foi feito para nós e nós não fomos feitos para o mundo, que a nossa história não tem qualquer sentido e que não existe um lugar fora do mundo ou fora da história que permita validar aquilo que fazemos. (...) Em muitas formas importantes, na nossa condição ética, somos mais parecidos com os seres humanos da Antiguidade Clássica do que qualquer outro povo do Ocidente que tenha vivido no entretanto. (Bernard Williams, "Shame and Necessity")