Esta Distante Proximidade

Histórias são seres elásticos que unem as nossas mentes a tudo o que nos rodeia. Este livro de Solnit é-o também. Uma memória e meditação sobre a força que as histórias têm em ordenar o mundo para que lhe possamos sobreviver. Encontramos nele a prosa límpida e sensual de Solnit, a empatia por todos os seres vivos e não vivos, nas suas falhas, na sua vulnerabilidade, no estreito fio que os separa da morte.
Todavia, sofre do excesso de Wikipédia, esse fenómeno que tomou de assalto a literatura e o pensamento, para colocar os factos, os dados e estudos científicos no lugar da verdade vivida e imaginada (que é a mesma coisa).
Quer isto dizer que é um livro falhado, pois não consegue cumprir o que pretende, sem se apoiar no que rejeita - na ideia de que toda a experiência, toda a verdade, é relativa, singular, e que só pode ser partilhada por atos imaginativos e narradores.