Tempo, de Kim Ki-Duk
Creio que este filme nunca estreou em Portugal. Vi-o em circunstâncias muito particulares e uma única vez. Por essa mesma razão, tenho muita resistência em voltar a vê-lo. Dele ficou-me a crueldade e a beleza da passagem do tempo, a sensação da irrelevância humana sob o tique-taque incessante do universo. Soube agora que o realizador, Kim Ki-Duk, uma figura controversa tanto pelas suas obras como pela sua vida pessoal, faleceu ontem aos 59 anos, vítima de Covid-19. E ainda anteontem tinha falado de outro filme dele, Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera, onde as figuras humanas pareciam tão pequenas perante a majestade da natureza infinita, e onde a morte era quase indistinguível da vida. É como se arte e vida, o que nos preocupa e o que nos acontece fossem também quase indistinguíveis.